O interesse de João III pela Cia de Jesus

por Gustavo Neves da Rocha Filho

Portugal, seu povo e seu rei estiveram, à época manuelina, quando se descobriu o Brasil, completamente absorvidos pelo opulento e relativamente fácil comércio com as Índias, cujo caminho marítimo Vasco da Gama havia descoberto em 1498. Mas o decréscimo desse comércio prejudicou a situação econômica e financeira do Reino a ponto de D. João III ser obrigado até mesmo a abandonar algumas praças fortes no norte da África, duramente conquistadas no século anterior.

Era também escassa a população de Portugal e dificílima a colonização do Brasil, que ainda não tinha dado nada, mas prometia grandes maravilhas. As lendas sobre minas e tesouros alucinavam, em toda a parte, ávidos europeus. Ninguém podia distinguir o que de real haveria nas ficções criadas e ampliadas por imaginações desvairadas. Algumas dessas lendas corriam soltas e desordenadas e foram se condensando até se cristalizaram no “El-Dourado”, a sonhada e fabulosa terra onde haveriam montanhas de ouro, prata e pedras preciosas e que poderiam ser encontradas no Peru, denominação geral das Índias de Espanha na América recém-descoberta.

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A importância das cartas dos primeiros jesuítas do Brasil

por Gustavo Neves da Rocha Filho

Para comemorar o IV Centenário da Cidade de São Paulo, ocorrido no ano de 1954,  o Governo do Estado organizou várias comissões encarregadas das celebrações daquela efeméride.

Coube à Comissão do IV Centenário da Cidade de São Paulo, por proposta de um de seus membros, Sérgio Buarque de Holanda, publicar as cartas dos Padres, Irmãos e autoridades jesuítas redigidas entre 1538 e 1565, por serem documentos da maior importância para a história tanto de São Paulo, quanto do próprio Brasil.

A publicação constou de três alentados volumes de mais de quinhentas páginas cada um, dados a público em 1956, 1957 e 1958. Foram publicadas 207 cartas, sendo 143 oriundas do Brasil redigidas por Padres e Irmãos e 64 respostas das autoridades sediadas em Lisboa, Trento e Roma.

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Os jesuítas e a fundação de São Paulo

por Gustavo Neves da Rocha Filho

Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549 com o propósito de catequizar os índios para melhor servir à colonização. Vieram com o primeiro Governador Geral, Tomé de Souza,  os primeiros cinco padres, entre eles Manuel da Nóbrega e Leonardo Nunes e, mais tarde, uma segunda leva, em 1553, trouxe o Irmão José de Anchieta.

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A verdade sobre a fundação de São Paulo

por Gustavo Neves da Rocha Filho

Na verdade nunca houve uma fundação de São Paulo. O que houve foi a criação de uma outra vila mandada fundar pelo primeiro governador geral do Brasil, Tomé de Souza, na proximidade da povoação existente mencionada pelo aventureiro alemão, Ulrico Schmidl, na sua ida para a vila de São Vicente, em junho de 1553 (KLOSTER, 1942:86). De fato, subiu a serra Antonio de Oliveira, representante do donatário Martim Afonso de Souza, acompanhado do Provedor da Fazenda Real, Braz Cubas, e levantou o pelourinho, símbolo da autoridade, aos 8 de abril de 1553 dando-lhe o título de Vila de Santo André da Borda do Campo. (MADRE DE DEUS, 1953:122)  Em decorrência foi cercado de muros de taipa o recinto da nova vila, constituída a Câmara e eleitos juiz, vereadores, procurador do Concelho, escrivão, almotacéis, alcaide, aferidor e porteiro. A população da vila, enquanto durou, apenas sete anos, não passou de dez ou quinze famílias.         

Não confundir esta vila com a Cidade de Santo André, cujo município foi criado em 30 de novembro de 1938, desmembrado do de São Bernardo e cuja origem foi o povoado que cresceu ao lado da estação da estrada de ferro SPR, a inglesa, inaugurada em 1867.

A origem de São Paulo foi diferente. No ano de 1549 chegaram ao Brasil os primeiros seis padres jesuítas, incumbidos da catequização dos índios para melhor servir à colonização. Logo no ano seguinte foi enviado à Vila de São Vicente o padre Leonardo Nunes para fundar um Colégio. No mesmo ano subiu ao planalto de Piratininga, onde já existiam cerca de quinze pequenas povoações de portugueses, (LEITE, 1956:208) cada uma delas sede de fazendas onde a principal atividade era a criação de bois e vacas.

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