por Gustavo Neves da Rocha Filho
“Na Capitania de São Vicente, que é de Martim Afonso de Souza nunca nela houve guerras com os índios naturais que chamam tupis, que sempre foram amigos dos portugueses, salvo no ano de 1562, que foram uns poucos do sertão por sua maldade (ficando a maior parte amiga como dantes) deram guerra a Piratininga, vila de São Paulo, onde há casa da Companhia, 10 léguas da povoação do mar de São Vicente, mas logo ao segundo dia foram fugindo para suas terras pela resistência que acharam nos portugueses e índios cristãos que foram contra seus mesmos pais, filhos e irmãos em defesa da igreja. Daí a pouco tempo morreram os mais destes levantados e tornaram a ficar as pazes e amizades fixas como dantes.” (ANCHIETA, 1984:194).
Anchieta, em sua carta datada de São Vicente, 16 de abril de 1563, conta com mais fidelidade e cores vivas o episódio histórico. Revela que desde cinco anos antes, quando abandonaram a Aldeia de Piratininga, na qual ficaram cinco ou seis homens idosos, casados, os índios pregavam a guerra contra os jesuítas. Mas entre os que partiram muitos já eram cristãos e assim, no dia 3 de julho de 1562, um destes veio correndo avisar que seus parentes estavam prontos para o ataque.