por Gustavo Neves da Rocha Filho
Portugal, seu povo e seu rei estiveram, à época manuelina, quando se descobriu o Brasil, completamente absorvidos pelo opulento e relativamente fácil comércio com as Índias, cujo caminho marítimo Vasco da Gama havia descoberto em 1498. Mas o decréscimo desse comércio prejudicou a situação econômica e financeira do Reino a ponto de D. João III ser obrigado até mesmo a abandonar algumas praças fortes no norte da África, duramente conquistadas no século anterior.
Era também escassa a população de Portugal e dificílima a colonização do Brasil, que ainda não tinha dado nada, mas prometia grandes maravilhas. As lendas sobre minas e tesouros alucinavam, em toda a parte, ávidos europeus. Ninguém podia distinguir o que de real haveria nas ficções criadas e ampliadas por imaginações desvairadas. Algumas dessas lendas corriam soltas e desordenadas e foram se condensando até se cristalizaram no “El-Dourado”, a sonhada e fabulosa terra onde haveriam montanhas de ouro, prata e pedras preciosas e que poderiam ser encontradas no Peru, denominação geral das Índias de Espanha na América recém-descoberta.